PÚBLICO Brasil

By: PÚBLICO Brasil
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  • O podcast do PÚBLICO Brasil é um encontro de talentos, informação, dicas e debates sobre a real dos brasileiros em Portugal.

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Episodes
  • "Os imigrantes são fundamentais para Portugal", diz Andréa Zamorano
    Nov 1 2024

    A trajetória da empresária e mulher de cultura Andréa Zamorano em Portugal começou há 16 anos, quando abriu o Café do Rio, na Baixa de Lisboa. “Foi a primeira hamburgueria gourmet de Portugal. Naquela altura, os hambúrgueres ainda estavam conotados como uma coisa fast food, trash, menos boa, que não eram saudáveis. E nós viemos com uma nova proposta, que era um hambúrguer sem pão”, conta.

    Carioca, mas que viveu quase metade de sua vida em Lisboa, Andrea até trouxe um termo para o português de Portugal: hamburgueria. “Na época, chamavam de casas de hambúrgueres. Nós cravamos esse nome. Depois, vieram centenas de hamburguerias”, diz.Autora de livros publicados em Portugal e no Brasil, entre eles, A Casa das Rosas, Andréa tem uma coluna mensal na Revista Blimunda, da Fundação José Saramago. Mas essa veia artística não se restringe à literatura. Ela manteve, por anos, o Samambaia, refúgio da música de qualidade, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus.

    Foi um bar que teve muito sucesso e que marcou uma nova era, tornando-se um lugar de referência para a cultura brasileira em Lisboa. Muita gente legal passou por lá, artistas novos, que estão despontando no Brasil, como Felipe Cato e Letrux, e artistas consagrados, como Danilo Caymmi, Ben Gil, Moreno Veloso”, detalha a empresária. O Samambaia foi vendido e ganhou um novo conceito.

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    32 mins
  • "Informação e planejamento são fundamentais para empreender", diz Verônica Fernandes
    Oct 22 2024
    Informação, planejamento e conhecimento do mercado são os ingredientes para o sucesso para quem deseja empreender, principalmente, em outro país, ensina a carioca Verônica Fernandes, que está em Portugal há quase nove anos. Ela conhecia o país como turista e, quando a família decidiu que queria morar fora do Brasil, Portugal foi logo a primeira opção. No Rio de Janeiro, Verônica teve uma produtora cultural. Organizou shows, exposições e espetáculos. Não apenas no Rio, mas em várias cidades do Brasil. Em Lisboa, é sócia com o marido, Neco Pedrosa, de duas cervejarias. Experiência, trouxeram na bagagem. As atividades parecem distintas. Mas Verônica explica que podem ter pontos em comum. “Quando se faz uma produção artística, tem-se a preocupação com a satisfação do público. Hoje em dia, nós preocupamos com a satisfação do cliente. Ele é o nosso foco principal, o mais importante. É óbvio que as semelhanças terminam aí, porque toda a estrutura de empreendimento é muito diferente”, afirma. Com a decisão tomada de mudar para Portugal, primeiro, vieram pesquisar o mercado e o país. Olharam tudo de forma diferente de quando eram turistas. Passaram um período para perceber como realizar o sonho. Nessa vinda, já abriram conta em um banco, aportaram uma parte do capital e constituíram a empresa. Quando retornaram ao Brasil solicitaram um visto como empreendedores. “Na época, não havia tantas informações disponíveis sobre como fazer a legalização, como hoje em dia. Viemos para cá para recomeçar do zero e um novo ramo, o da cerveja” lembra Verônica. Outra diferença entre os setores, apontada pela empresária é que, na produção cultural, o processo leva tempo. Entre elaborar o empreendimento, levantar recursos até a sua concretização, temos um prazo longo. Já no ramo de bares e restaurantes tudo tem que estar pronto diariamente. O casal é sócio nas cervejarias Delirium Café Lisboa, no Chiado, e Gulden Draack, em Picoas. “É um casamento expandido. Nós já éramos sócios na produtora cultural no Brasil”, comenta Verônica. “Tínhamos a preocupação em vir para Portugal com tudo resolvido. Pedimos o visto D2, para empreendedores, no consulado de Portugal no Rio de Janeiro. Apresentamos o nosso plano de negócios e a comprovação de capital. A resposta não demorou. Em um mês, já tínhamos o visto. Não havia o movimento tão grande como há hoje”, lembra. Desafio dobrado Buscar muitas informações é o mais importante para qualquer empresário, mesmo no seu país de origem, explica Verônica. “Empreender em um país novo é um desafio dobrado. A legislação é diferente, os hábitos de consumo dos portugueses são diferentes dos brasileiros, são várias leituras novas que temos de ter para entender o terreno. Isso leva tempo”, frisa. Informação é apontada por Verônica como a melhor forma de se preparar para uma mudança de vida. “Por mais que se prepare, o imigrante, tem que ter muito claro o que quer realizar e como vai fazer. Às vezes, vejo pessoas perdidas nessa realização. Tem que se ponderar as variáveis. Perceber das leis, do consumo, como o mercado de trabalho funciona", ensina. Oferecer salários acima da média do mercado e dar boas condições de trabalho são exemplos que a empreendedora dá para manter o quadro de funcionários sem muitas alterações. Mesmo com mais benefícios, a rotatividade existe, e isso pode impactar no funcionamento no negócio. “O trabalho em bares e restaurantes é pesado. Existe muita rotatividade no setor. Alguns talentos já estão conosco há três anos. Migraram de postos dentro da empresa e conseguiram crescer. A procura por esses profissionais é grande, sobretudo, se é uma pessoa mais preparada e fluente em idiomas”, diz. Documentação e aluguel Além de chegar com toda a documentação legalizada, a questão cambial merece toda a atenção para quem deseja empreender em Portugal. O capital não precisa ser muito alto, mas tem que ter uma margem de segurança maior do que no país de origem. Os salários, em comparação ao Brasil, em algumas áreas, são mais altos. Alugar um local para se estabelecer é apontado como um dos maiores desafios. A explosão turística e a procura por pessoas de diversos países que querem se estabelecer aqui fizeram os preços dispararem. “Para se investir em um bom lugar, é preciso estar preparado financeiramente para poder responder às demandas do proprietário. São exigidos muitos meses de caução e aluguéis adiantados. No mínimo, seis vezes o valor do aluguel que tem que ser dado imediatamente. Se for um ponto já existente, é preciso pagar a quem está repassando o negócio. Nesses casos, é possível até pagar um aluguel mais baixo. Isso, de certa forma, compensa o gasto. Se for alugar um local para iniciar o empreendimento do zero, o aluguel vai ser mais alto”, detalha. Antes de ...
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    30 mins
  • "Além de boa comida, temos axé, que significa saúde", diz Carol do Acarajé
    Sep 30 2024
    A baiana do acarajé, Carolina Brito, mora em Portugal há 21 anos. A aventura da vinda para Portugal começa na praça central do bairro de Itapuã em Salvador da Bahia, onde até hoje se encontram as baianas do acarajé. Carol trabalhava na banca da mãe quando um casal de portugueses em férias na Bahia passou a ir todos os dias comer no local. Certo dia, perguntaram à mãe da jovem se poderiam levá-la para Portugal. Foi um convite que mudou a vida dela. Hoje, com dois restaurantes em Lisboa, está se preparando para abrir um no Porto. Nascida e criada em Salvador, a ancestralidade de Carol está ligada a mítica Lagoa do Abaeté, de água escura e cercada de areia branca, imortalizada por Caetano Veloso na música It’s a Long Way. “Esse pedaço da música me lembra muito da minha infância. Sou neta de ganhadeiras de Itapuã, lavadeiras que eram pagas para fazer esse serviço. Minha mãe lavava roupa, minha avó lavava roupa, minha bisavó, também. Todas lavavam roupas ali na lagoa do Abaeté. Há muito mistério naquela lagoa. Ali tem muito choro e resiliência e muita superação também”, recorda. Mais nova de 14 filhos, Carol ajudava a mãe no tabuleiro de acarajé, enquanto o pai tinha uma barraca na beira do mar. Os empresários portugueses, Cristiane dos Santos e Nelson Almeida, se encantaram com aquela menina. “Eles ficaram uma semana inteira indo na banca. No dia da minha folga, por acaso, foram lá e falaram com a minha mãe que queriam me levar para Portugal. A minha mãe se assustou e me perguntou se eu queria. Era um convite para trabalhar no restaurante Mineirão, no Cais de Gaia no Porto”, conta. A simpatia do casal fez com que Carol aceitasse o convite para cruzar o Atlântico e aportar em terras portuguesas. “Nós falamos de destino, não é? Eu acho que foi mais assim no calor da coisa. Minha mãe argumentou se era muito longe e ressaltou que eu não conhecia ninguém em Portugal. Respondi que tinha gostado deles. Que iria e, se não desce certo, depois de três meses, voltaria para a Bahia. Já se vão 21 anos”, afirma. Hoje, além dos muitos amigos que fez em Portugal, Carol conta com parte da família está vivendo em terras lusitanas e com visitas regulares da mãe, que por acaso, está neste momento em Portugal. “Aqui já tenho irmãos, primos, sobrinhos e uma filha. Acabei construindo minha vida aqui. A minha mãe está nesses dias, como a gente diz, passando uma chuvinha com a gente. Ela não quer ficar permanentemente aqui por causa do frio”, comenta. “Sempre digo para ela vir para ver se estou fazendo tudo direitinho. Ela me responde: Carolina, você me conhece. Então, ela verifica tudo, experimenta, vê a textura e já faz algumas coisas no restaurante. Aos 71 anos, ela me diz para deixá-la trabalhar. Já entendi que ela não sossega. Se sossegar, ela não está vivendo”, diz. Carol fala que o tabuleiro da baiana tem muito a oferecer. Principalmente a alegria de viver. Quando cumprimenta alguém e fala axé, está desejando tudo de bom para essa pessoa. “Se temos saúde, temos axé. Em cada abraço, cada beijo, que damos, falamos axé. É uma forma de desejar tudo de bom. Saúde, prosperidade, felicidades na vida, que é muito importante. Além disso, tenho um bom acarajé para oferecer. O projeto Acarajé da Carol é uma experiência gastronômica” explica. Para a baiana, muitas pessoas vão aos seus restaurantes para matar a saudade de casa. Casa no sentido de aconchego. A proposta do seu projeto é fazer com que as pessoas que são do Brasil e que estão em Portugal e outras que não conhecem lá se sintam bem. O seu compromisso primordial é oferecer um bom acarajé. "O acarajé, ou você ama ou você odeia” sentencia. “Não é fácil chegar matéria-prima aqui. O camarão seco, por exemplo. O fundamental é ter um bom feijão fradinho. Lavar o feijão, preparar a massa e bater muito para ficar bem aerada e mergulhar na frigideira com o dendê quente. Aí se percebe que é um acarajé cinco estrelas”. Óleo de Dendê No início Carol usava o óleo de dendê vindo do Brasil. Mas explica que há uma escassez do produto na Bahia, devido a uma crise de produção no estado. “Acho que hoje a Bahia produz pouco dendê. Se não estou enganada, o maior produtor de dendê é o Pará. Isso aumentou muito o preço do produto no Brasil. Em Portugal, depois de experimentar o dendê de Angola, de Moçambique, encontrei um da Guiné-Bissau, que tem um cheiro maravilhoso, um feitiço puro”, afirma. Em 2008 Carolina se deslocou para Lisboa a convite do então embaixador do Brasil, Celso Souza, para fazer acarajé na festa de Sete de Setembro na Embaixada do Brasil. Como vivia no Porto e existe uma disputa entre as duas cidades, achou que não ia gostar de Lisboa. Chegando na capital portuguesa, recebeu um convite para trabalhar em um restaurante, e foi ficando. Para não deixar os amigos do Porto na mão, ...
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    29 mins

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